Oswaldo Eustáquio é acusado de usar fake news como ferramenta de manipulação jurídica e prejudicar pessoas públicas e empresas idôneas
Nesta segunda-feira, o blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio deixa a prisão no Distrito Federal, onde estava detido pela Operação Lume, da Polícia Federal, que apura a realização de atos antidemocráticos em Brasília. Ele está proibido de se aproximar a menos de um quilômetro da Praça dos Três Poderes (onde ficam o STF, o Palácio do Planalto e o Congresso) e manter contato com deputados, blogueiros e canais relacionados à investigação. O inquérito – o mesmo que prendeu a ativista Sara Giromini – tramita em sigilo no STF (Supremo Tribunal Federal).
A prisão do autointitulado ‘jornalista investigativo’, porém, não é o primeiro obstáculo jurídico à atividade de Eustáquio na internet. O blogueiro coleciona processos por difamação e danos morais por conta de supostas denúncias feitas por ele nos veículos que utiliza para propagar fake news e incitar o ódio.
Em fevereiro, Eustáquio foi condenado a pagar uma indenização de R$ 15 mil por danos morais ao jornalista Glenn Greenwald, editor do site “The Intercept Brasil”. No início de junho, o ex-deputado federal Jean Wyllys (PSOL) entrou com uma ação contra Eustáquio no Tribunal de Justiça do Rio e foi atendido em um pedido para que o bolsonarista fosse obrigado a retirar do Youtube um vídeo no qual o parlamentar era associado ao atentado à faca sofrido por Jair Bolsonaro em 2018.
Em seu perfil no Twitter, Jean Wyllys descreve o blogueiro como “um dos mais perigosos membros da organização criminosa bolsonarista encarregada de caluniar, difamar e injuriar autoridades e jornalistas, bem como ameaçá-los”.
A deputada federal Joice Hasselman, o youtuber Felipe Neto, os ex-ministros Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) e Henrique Mandetta (Saúde) e o governador de São Paulo João Doria (PSBD) são algumas das figuras públicas vítimas dos ataques recentes de Eustáquio. No âmbito corporativo, em janeiro deste ano, o promotor de justiça Ronaldo de Paula Mion, do Ministério Público do Paraná (MP-PR), imputou sobre o blogueiro uma queixa-crime movida pela empresa Tecnobank, que acusa Eustáquio de difamação por meio de falsas acusações publicadas pelo blogueiro no desconhecido jornal Agora Paraná e impulsionadas nas redes sociais, com o objetivo de atingir a reputação da empresa, que trabalha com rigoroso sistema de compliance.
Casado com Sandra Terena, secretária nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), Eustáquio é acusado de utilizar dinheiro público para promover notícias da empresa Infosolo, investigada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na força-tarefa do MP-PR com as polícias Civil e Militar na Operação Taxa Alta, por irregularidades no Paraná. Entre os sócios da Infosolo estão Alexandre Georges e Basile Pantazis. A ‘família dos gregos’, como são conhecidos no Distrito Federal, investe agora em uma plataforma de streaming chamada Believe, apelidada de “Netflix dos Evangélicos”.