É de causar inveja a desenvoltura com que a Alias Tecnologia circula por Detrans dos mais diversos cantos do país, sempre deixando um rastro de negócios suspeitos. A empresa atua em estados como Paraná, Paraíba e Maranhão. É uma das campeãs em licitações para serviços de registro eletrônico de contratos de financiamento de veículos. A Alias acaba de fechar um acordo de cessão do seu sistema para a Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná.
A principal justificativa para a parceria é a redução do valor do serviço de R$ 350 para R$ 173. Ocorre que em vários estados do país o preço do gravame é ainda inferior. Em Minas Gerais, por exemplo, custa aproximadamente R$ 70. Além disso, causa estranheza a exclusividade que a Alias passará a ser a única fornecedora da solução utilizada no Paraná. Em boa parte dos demais estados, há várias empresas habilitadas para a oferta do serviço de registros de contratos de financiamento.
A Alias é repleta de sinuosas ramificações. Um de seus sócios é citado na delação premiada de Alexandre Barradas, ex-diretor da Odebrecht, por doações ilegais para campanhas eleitorais no Amapá. Candelot foi sócio do advogado Eduardo Martins, filho do presidente do STJ, Humberto Martins. Eduardo foi um dos alvos da Operação Esquema S, deflagrada pela PF e pelo MPF contra escritórios de advocacia que teria sido usados para desviar cerca de R$ 51 milhões do Sistema S no Rio de Janeiro.
Denúncias apontam para ocorrências fraudulentas em outros estados
Há denúncias de que a Alias se cacifou para concorrências em outros estados utilizando atestados falsos de capacitação emitidos pelo Detran de Sergipe. Ocorre que a empresa jamais teve qualquer contrato com aquela estatal.
No ano passado, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Paraná ofereceu denúncia criminal contra 11 pessoas investigadas na Operação Taxa Alta, que apura irregularidades no credenciamento de empresas pelo Detran-PR). Entre os citados estão seis empresários e cinco servidores públicos comissionados na época dos fatos, dos quais quatro trabalhavam no Detran. Uma das empresas mencionadas é a Infosolo, investigada também em Minas Gerais.