Os procuradores concluíram que “é possível que a empresa sediada no Panamá tenha sido usada apenas como intermediária da remessa de dinheiro para outras empresas e contas de interesse para a presente investigação no estrangeiro”.
A força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro detalha, em um pedido de ampliação da quebra de sigilo do advogado Eduardo Martins (foto), diversas transações e relações societárias suspeitas do filho do presidente do Superior Tribunal de Justiça, o ministro Humberto
Martins. As informações integram a investigação cujo desfecho foi a Operação E$quema S na quarta-feira, 9. Um dos casos abordados pelos procuradores na solicitação ao juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal, é a relação de Martins com Rafael Candelot. Os dois chegaram a ser sócios na empresa BP Participações e Projetos, e Candelot aparece como responsável por repasses de 175 mil reais para o filho do ministro entre 2016 e 2018.
Outros 92 mil reais tiveram como destino o escritório de advocacia de Martins.A investigação mostrou que Candelot é dono de uma empresa chamada Alias Tecnologia, com sede no Paraná e em Maceió, terra natal de Martins. Ele também manteve nos anos de 2017 e 2019 uma offshore sediada no Panamá com o nome Alias Corp.
Ao descobrir que Martins esteve no Panamá e cruzar as transações financeiras dele com Candelot, os procuradores concluíram que “é possível que a empresa sediada no Panamá tenha sido usada apenas como intermediária da remessa de dinheiro para outras empresas e contas de interesse para a presente investigação no estrangeiro”. A suspeita sobre as transações no exterior resultaram na inclusão do nome de Candelot entre os alvos da quebra de sigilo.
O pedido foi encaminhado para Bretas em junho. O filho do presidente do STJ foi alvo de busca e apreensão durante a operação e recaí sobre ele a suspeita de exploração de prestígio, lavagem de dinheiro e estelionato.Segundo o MPF, Martins recebeu 42 milhões de reais da Fecomércio do Rio de Janeiro durante a gestão de Orlando Diniz — o valor pode chegar a 83 milhões de reais, se considerados valores indiretos para escritórios indicados por ele.
Em seu acordo de delação, Diniz afirma que a contratação de Eduardo Martins tinha como objetivo influenciar decisões na corte hoje presidida por seu pai.